Atividades do Guia Geral

 

Revelando as concepções sobre o ensino-aprendizagem e o papel do professor

Para se analisar o processo ensino-aprendizagem e o papel do professor é necessário ter em mente os conceitos que envolvem cada um desses temas, bem como compreender as mudanças de concepções no decorrer da história de produção de saber do homem.

Inicialmente, é preciso  explicitar o conceito de processo que, conforme Saconni(1996, p.546), em uma abordagem dicionarizada, é o “desenvolvimento contínuo, evolução que envolve muitas mudanças”, enquanto a aprendizagem caracteriza-se como o processo através do qual o homem se apropria do conhecimento produzido historicamente.

Na verdade, o processo ensino-aprendizagem tem sido, ao longo dos tempos, caracterizado de diferentes formas que vão desde a ênfase no papel do professor como mero transmissor de conhecimentos, até as concepções atuais nas quais o professor é visto como mediador e que destaca o papel do educando como sujeito ativo na construção desses conhecimentos.

Nesse sentido, Cagliari (1998, p.69) destaca que  “Ensinar não é repetir um modelo até que se aprenda o que ele quer dizer. Ensinar é compartilhar as dificuldades do aprendiz, analisá-las, entendê-las e sugerir soluções.” Dessa forma, infere-se que ensinar é criar situações, promover ações visando à aprendizagem. Diante disso, o professor não pode ficar alheio aos processos envolvidos na aprendizagem dos alunos. Ele precisa compreender que a construção do conhecimento é uma atividade própria do aluno, mas isso não significa que ele não tenha uma contribuição a dar nesse processo. A sua intervenção deve ocorrer no sentido de  ajudar o aluno a progredir. Portanto,  deve planejar suas aulas objetivando colaborar  com o processo de construção de conhecimento do aluno,  mediante propostas de atividades que desencadeiem trocas de experiências, aquisição de novos conhecimentos, enfim, que promovam aprendizagem. Assim, compete ao professor estabelecer objetivos compatíveis com as necessidades  dos alunos, de modo que o aprendizado  ocorra de forma a atender as demandas sociais. É nessa abordagem que a escola justifica sua razão de ser, caso contrário, torna-se desnecessária.

Segundo Weisz e Sanchez (2004), se o professor desconhece o que o aluno pensa sobre o conteúdo que quer ensiná-lo, então no processo de ensino não pode haver diálogo e, assim, “Restará a ele atuar como numa brincadeira de cabra-cega, tateando e fazendo sua parte, na esperança de que o outro faça a dele: aprenda” (2004, p.42).  Para as autoras, o professor que pretende realizar um bom trabalho precisa se qualificar, ou seja, precisa estudar e desenvolver uma postura investigativa diante das questões de aprendizagem dos alunos.

Enfim, o professor precisa conduzir o processo de ensino-aprendizagem consciente das contínuas mudanças,  das múltiplas informações que educadores e educandos têm acesso diariamente, contemplando tanto saberes construídos historicamente quanto aqueles que estão presentes na nossa vida cotidiana e que são  necessários e significativos aos alunos.

CAGLIARI, Luiz Carlos. A respeito de alguns fatos do ensino e da aprendizagem da leitura e da escrita pelas crianças na alfabetização. In: ROJO, Roxane (Org.). Alfabetização e letramento: perspectivas lingüísticas. Campinas, SP: Mercado das Letras, 1998.

WEISZ, Telma; SANCHEZ, Ana. O diálogo entre o ensino e a aprendizagem. São Paulo: Ática, 2004.

SACONNI, Luiz Antônio. Minidicionário Saconni da língua portuguesa. São Paulo: Atual, 1996.

 

O Gestar II, as expectativas de mudança e a especificidade do programa em cada escola

O GESTAR II, programa de formação de professores em serviço e semipresencial, busca promover uma ampla discussão culminando sempre na ação x reflexão x ação do professor. Dessa forma, pode-se afirmar que o programa efetiva-se em sala de aula, visto que os professores que dele participam estão em atividade docente. Além disso, todo o estudo e discussão dos conteúdos abordados nos cadernos de teoria e prática, visam  diretamente à sala de aula.  Aliar teoria e prática é a proposta defendida pelo programa que na própria estrutura das oficinas prevê tanto a aplicação  de atividades pelos professores em suas escolas, como a socialização desse trabalho nos encontros presenciais com o formador. Esse momento de relato do professor é bastante produtivo, sobretudo, porque proporciona a cada um que reflita sobre a sua práxis e, assim, redimensione o seu fazer pedagógico.  Por tudo isso, espera-se que haja uma mudança significativa no trabalho desenvolvido em sala de aula, e, consequentemente, no desempenho dos educandos.

Vale ressaltar que diante da especificidade do GESTAR II, que foi pensado na perspectiva de o  professor estudar, planejar atividades fazendo uso de material com uma abordagem contextualizada, com a orientação de um professor/formador, e ainda rever, repensar, refletir sobre a sua práxis, acredita-se, de fato, em um novo olhar desses sujeitos que fazem parte do programa. Para tanto, faz-se necessário que cada escola participe fazendo com que seus sujeitos atuem e contribuam para que as propostas advindas da formação possam ser implantadas com êxito, seja na sala de aula envolvendo o professor, seja em demais espaços  e envolvendo diferentes atores da comunidade escolar.

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