Línguas: Vidas em Português

O documentário  Línguas:  Vidas em Português, com duração de 105 minutos e direção de Victor Lopes,  apresenta depoimentos e retrata um pouco da vida  de pessoas famosas  e  comuns que  pensam, agem, vivem e falam em português. São pessoas de diferentes nações que revelam características bem peculiares referentes à sua língua e à sua cultura, traço marcante da identidade de um povo.  Entre elas, podemos citar  José Saramago, Mia Couto, João Ubaldo Ribeiro e Martinho da Vila.

Dentro do universo apresentado no filme (Portugal, Moçambique, Ìndia, Brasil, França e Japão), as diversas manifestações linguísticas revelam-se na religiosidade, nas crenças, na pronúncia, no ritmo, enfim, no jeito particular de falar de cada sujeito dessa história. Ressalta-se que essas manifestações ora ocorrem através de um registro mais formal, ora são conversas mais informais de acordo com cada falante ou grupo.

Em seu depoimento, José Saramago, escritor português, declara que não há uma língua portuguesa, mas que há línguas em português.  Isso se torna evidente no decorrer do filme com as diversas falas apresentadas, tendo em vista as especificidades observadas em cada caso, dependendo do contexto sócio-histórico-cultural. Ainda nessa perspectiva, Mia Couto faz referência ao caráter dinâmico da língua portuguesa,   fazendo com que essa tome grandes proporções e, por isso, aceite muitas variações, traduza muitas culturas. Portanto, a língua  não se  constitui apenas como expressão da cultura, mas também como um forte elemento de sua transformação.

No filme, o Brasil é destacado como um país multicultural, que fala a mesma língua, mas não da mesma maneira. Para João Ubaldo Ribeiro essa pluralidade de culturas e subculturas dá-se  em virtude da nossa dimensão territorial e da nossa história, pelas influências que recebemos não só de Portugal, nosso colonizador, mas também pelas influências oriundas de outras culturas, de outros povos. A respeito das transformações ocorridas na língua, o escritor diz  que há uma verdade incontestável: se a língua não mudasse, ainda estaríamos falando latim.

Enfim, o documentário traduz um pouco da diversidade cultural e da variação lingüística de povos que, embora adotem a  língua portuguesa, têm diferentes modos de falar, visto que a língua não se manifesta em uma forma única, mas apresenta variações conforme os grupos que a usem.

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