Lagoa de Porangabussu

Nasci de uma inspiração divina e aqui estou

Cercada de prédios e construções

Fui acometida por males diversos

Ignoraram que eu tinha vida

E que trazia em mim, vidas

Muitos me agrediram

A ignorância do homem o conduziu a caminhos estreitos

E de mim ele não se compadeceu

Jogando sobre mim o seu lixo

Poluindo minhas águas

E matando os meus peixes

A  insensatez do homem o impediu de contemplar   momentos de pura magia

Como o sol  se debruçando sobre as minhas águas

Como a essência da vida que se manifestava em crianças que se banhavam, e  nadavam, e riam, e corriam, e  brincavam em minhas margens

Por muito tempo o homem foi meu algoz

Ele não percebeu que antes dele eu já estava aqui

E que a minha existência estava aliada a sua

Trazendo-lhe água para saciar sua sede

Purificando o seu corpo quando ele insistia em poluir o meu

Mas nem por isso desisti

E foi da consciência de alguns homens que voltei à vida

E foi das mãos desses que  renasci do lixo, da escuridão

Para dizer que em minhas águas há vida, há vida.

Marcilene Gaspar Barros

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